Ao mesmo tempo em que acomodou o ex-advogado da Odebrecht na Secretaria Nacional de Justiça, Flávio Dino anunciou para duas das principais diretorias da Polícia Federal nomes que integraram o time de Sergio Moro quando ministro da Justiça e da Segurança Pública.
Ricardo Saadi assumirá a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, considerada a joia da coroa da PF, e Rodrigo Morais ocupará a cobiçada Diretoria de Inteligência.
Saadi foi superintendente da PF no Rio, indicado por Maurício Valeixo. Destacou-se pelo aumento da produtividade da equipe e acabou virando alvo de Jair Bolsonaro, que passou a pressionar Moro a removê-lo. O então ministro resistiu, brigou com o presidente e acabou entregando o cargo.
Morais, por sua vez, foi responsável pelos dois inquéritos que apuraram as circunstâncias da facada de Adélio Bispo, concluindo pela atuação solitária do agressor. Ele chegou a investigar uma possível ligação de Adélio com o PCC, mas não houve avanços.
Durante o atual governo, Bolsonaro chegou a convocar o delegado em Brasília para que fizesse uma apresentação sobre as investigações. Mesmo sem provas, o presidente seguiu alimentando a tese de que haveria um mandante.
Tanto Saadi como Morais são respeitados dentro da PF pela competência e seriedade.
Ao acertar nas escolhas, Dino corre o risco de precipitar o fim de sua própria gestão.
A propósito, o futuro chefe da PRF, Edmar Camata, também foi um entusiasta da Lava Jato e comemorou a prisão de Lula.